Lições da derrota

Falar da derrota na Copa, é lembrar que realmente ela faz parte, aprendemos com ela… será que aprendemos mesmo? Afinal, não é a primeira, segunda, terceira… foram várias derrotas como essa! Mas essa foi em uma época diferente e cada uma tem suas particularidades.
Penso que o futebol brasileiro continua errando pela falta de um trabalho que mude “o capital cultural” de todos os envolvidos – “todos”, os dirigentes, técnicos, jogadores e torcedores que pensam que “o capital financeiro supera todas as dificuldades”. Mentira, continuamos tirando grandes dividendos individualmente, sendo medíocres coletivamente, tentando mudar a postura fazendo cortes de cabelo únicos, usando brilhantes nas orelhas, tatuando o corpo todo e sofrendo passando uma mensagem de êxito e sucesso, e no convívio coletivo, querendo sempre roubar a atenção individualmente. Nosso herói seria Neymar! Tite foi roubando a cena aos poucos com sua fala complicada sobre a simplicidades de um sistema tático… e até achamos legal! Mentira.

Comparar com outras culturas e/ou países é complicado. Fracassamos sempre na estrutura inicial, na linha de produção que é economicamente viajar, de baixo custo e lucros exorbitantes. Mas, se não investir profissionalmente e tiver assistente social, educação básica, acompanhamento médico, nutricional e apoio psicologico para quem busca o sucesso – em qualquer profissão, sempre ficaremos desfilando mascarados de heróis fragilizados, justamente aquilo que não deveríamos ser no esporte. E fazemos de conta que somos representados por heróis, aí que vem a frustração e as maiores decepções, pois buscamos no sucesso de outros a nossa felicidade, e aquilo que deveria ser apenas diversão, lazer e torcida, se torna a razão de viver em um período de esquecimento de nossas dificuldades particulares. Buscamos ser figurantes naquile filme que acreditamos que vai levar o Oscar! E, se isso não acontecer, pela dedicação de tempo e dinheiro, sentimos uma tremenda raiva e buscaremos culpados.

Na verdade culpado somos nós, que acreditamos na realização de um sonho coletivo que não chega. Plantamos a vitória sem ao menos analisar a trajetória até os objetivos pretendidos. Acreditamos na fala de vendedores da mídia especializada que criam projetos fictícios para receber suas comissões de participação na venda da audiência necessária à suas realizações. Enfim, o filme acabou, saímos com aquele gosto de que “poderíamos mais que isso”, mas precisamos aceitar que há outros protagonistas e figurantes que também pagam pelo mesmo valor moral e cultural. Afinal, não somos os únicos ou os melhores no futebol. Aceitar faz parte, viver a própria vida é uma obrigacao necessária.

Então, que tal ser protagonista de nossa própria história? Bem-vindo à realidade, pois a diversão acabou e a vida segue!