Ensino a distância ainda está em estágio infantil no Brasil, diz pesquisador 

O aprendizado via web já é uma realidade no Brasil, e isso é uma afirmação incontestável. Cada vez mais, investimentos são feitos por instituições de ensino para que se aprimorem as técnicas de Educação a Distância e cursos livres complementares ao currículo do aluno.

O professor Julio Cezar Pauzeiro, diretor de cursos livres da Estácio de Sá, acompanha esse processo quase 24 horas por dia e concorda que a estrada ainda é longa. A certeza, entretanto, de que a internet é parte integrante e fundamental para o futuro da educação é de 100%. Esse é um movimento sem volta. Não há como pensar em evolução na educação sem que a gente fale em estar dentro de um ambiente online, interativo e com múltiplas possibilidades de ensino, dissea ao iG.

Na Estácio, os esforços de Julio estão direcionados para melhorias nos cursos livres já criados. Alguns pilares são importantes e elevam a qualidade do projeto. Nos modelos de cursos antigos na internet, ou você tinha uma apresentação em Power Point ou um texto em PDF, e o aluno lia, apertava o enter, lia, apertava o enter A gente não poderia embarcar nessa canoa, porque ela não vai navegar. Disso, deriva o processo de construção de conteúdo. Nós temos 14 etapas que são milimetricamente observadas, desde a geração de grau de importância desse conteúdo, passando pela leitura pedagógica, até a construção de um texto, afirmou.

No papo, o professor ainda comenta as tendências para o futuro do aprendizado na web, programas do governo, a qualidade dos cursos de idiomas e as barreiras da educação a distância. Confira:

iG: Já que estamos caminhando em terreno online, vamos falar sobre Educação a Distância. Qual é a sua avaliação hoje? Ainda existe preconceito com a EAD?Julio Cezar Pauzeiro: Esse é um movimento sem volta. Não há como pensar em evolução na educação sem que a gente fale em estar dentro de um ambiente online, interativo e com múltiplas possibilidades de ensino. Quando você olha o preconceito de certa maneira ainda existente com relação ao conteúdo online, ele em geral é lastreado em um modelo de ensino que é estático de operação e que, na verdade, tem a extensão do .com, mas muito mais na fala do que na prática. A nossa preocupação com o aluno que ainda possa se mostrar refratário, é de que ele é refratário porque conhece um modelo que é diferente daquele que a gente pratica. Ou o histórico recente dele não aponta para um ambiente interativo. Eu costumo dizer que o modo de comunicação mudou. E aí, o grande barato do convencimento no curso livre, em especial no formato a distânc ia, é possibilitar ao aluno a degustação e o teste daquilo do valor que ele vai comprar. Ele tem uma experiência de aprendizado interativa muito legal.

iG: Que talvez até supra a necessidade do contato real

Pauzeiro: Exatamente. Isso que nos torna diferente. É a preocupação que a gente teve em desenvolver um modelo, lastreado no que a gente fez de ensino e pesquisa nos últimos cinco anos, que possibilitasse ao aluno perceber que realmente é legal, que ele não vai estar apenas lendo um PDF ou dando avançar em um documento. A gente foi muito além da leitura.

iG: Falta, então, na sua opinião, essa divulgação? Talvez ainda estejamos muito presos ao modelo inicial de cursos a distância?

Pauzeiro: Possivelmente. Na verdade, esse mercado de ensino a distância, em especial para cursos livres, é ainda um mercado em estágio infantil. E quando digo isso, quero dizer que é um mercado em construção. E como em todo mercado em desenvolvimento, você precisa de um processo de convencimento um pouco maior. É o que acontece quando você entra em um mundo novo. Quem diria, há alguns anos, que nós teríamos computadores pessoais, telefones móveis? Você tem operações que evoluíram numa linha muito rápida e que, naturalmente, romperam muitos preconceitos. Obviamente é um processo de convencimento e uma construção bem bacana, e eu digo que tem público. Eu tive três milhões e meio de acessos em seis meses (no portal de cursos livres da Estácio). A nossa operação hoje já é a segunda mais vista do Brasil em cursos livres. É um modelo, portanto, que se mostra sustentável pela leitura que a gente tem.

iG: Essa adesão é geral? Você consegue avaliar a questão geográfica do produto?

Pauzeiro: Sim, e eu vejo que a distribuição geográfica já não é mais uma restrição. Pela internet, eu consigo atender o Brasil inteiro sem constrangimento e isso me deixa muito feliz como educador, porque eu começo a perceber claramente que as fronteiras de ensino caíram. A geografia já não é mais um impeditivo para que você evolua intelectualmente.

iG: Sobre as ferramentas de ensino, o que você tem visto de inovador, de diferente, nesse mercado? Quais são as tendências?

Pauzeiro: Eu costumo dizer que a inovação já nasce morta. Você cria e, no minuto seguinte, ela já é um passado ainda que recente. Quando a gente olha a educação, o meu grande desafio na Estácio era: o que vou trazer de novo para um mercado que ainda é infantil, mas que já tem muitos players atuando, um mercado em que meu consumidor especificamente ainda não sabe o que ele precisa?

iG: E como isso foi feito?

Pauzeiro: O planejamento estratégico passou por buscar ferramentas de tecnologias interativas e novas, e que levassem o ensino com uma forma mais didática e própria para essa nova geração. Eu tenho um filho de 23 anos, e ele faz 50 coisas ao mesmo tempo e entende todas. Eu fico impressionado. Ele virou meu objeto de estudo. Como prender a atenção desse jovem? Ele é uma parte representativa do meu comprador. A gente não pode entregar algo que ele já não utiliza mais. Então, pesquisamos formas de compreensão pedagógica que utilizassem uma parte visual gráfica mais interativa e moderna. Nos modelos de cursos antigos na internet, ou você tinha uma apresentação em Power Point ou um texto em PDF, e o aluno lia, apertava o enter, lia, apertava o enter A gente não poderia embarcar nessa canoa, porque ela não vai navegar. Disso, deriva o processo de construção de conteúdo. Nós temos 14 etapas que são milimetricamente observadas, desde a geração de grau de importância desse conteúdo, p assando pela leitura pedagógica até a construção de um texto que eu chamo de doce. Ele passou por uma leitura, foi transformado em um texto mais adequado para aquele público que a gente quer, depois passou pela mão de um designer institucional que foi quem transformou esse texto em storyboard, e que a partir daí montou a parte gráfica. Depois disso tudo pronto é que a gente vai identificar o grau de plataforma e de interatividade que a gente vai criar. Cursos diferentes exigem formatos diferentes e plataformas igualmente diferentes, mas todas elas inovadoras.

iG: Pensando no futuro, o que você espera para a área da educação?

Pauzeiro: Considerando a abrangência do vocábulo livre e sua amplitude, acho que a grande dificuldade que a gente tem é delimitar suas fronteiras, é entender o que a gente quer e para onde a gente vai. E não tenho dúvida de que o futuro da educação passa pela internet. Quando eu olho o público, de forma geral, e você olha a quantidade de celulares que o Brasil tem, isso passa efetivamente por transformar esse modelo de operação. Mais pessoas vão ter acesso à tecnologia, novas tecnologias vão surgir, as distâncias vão estar cada vez mais curtas, as pessoas cada vez mais interativas E muito possivelmente, a gente começa a construir de novo um modelo novo no campo da inovação.

iG: O desafio, portanto, é acompanhar essa evolução?

Pauzeiro: Talvez o grande dilema desses próximos passos seja continuar avançando na mesma velocidade que as tecnologias de informação avançam, porque eu preciso me apropriar desse capital intelectual novo e a partir dele gerar novas possibilidades. Talvez esse seja o momento da educação, de você chegar nas novas fronteiras, com as tecnologias, para pessoas que nunca imaginaram que fariam algo nessa linha. Difundir a educação não está só em um processo meu de realização pessoal como educador, mas ele reside na minha interpretação de que formarei melhores pessoas para um país melhor, para um futuro melhor.

Fonte: Último Segundo – IG

Para diretor do CNPq, patentear é mais urgente que publicar

Com informações do MCTI – 25/07/2014

Diante de uma descoberta científica que pode gerar um novo produto ou processo, muitos pesquisadores brasileiros têm dúvida se devem primeiro patenteá-la ou publicar um artigo a respeito.

Para o diretor de Cooperação Institucional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Paulo Sérgio Beirão, a resposta é clara: “Faça a patente antes da publicação”.

Foi o que afirmou ele na conferência “Publicações ou patentes: um falso dilema da ciência no Brasil”, durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Rio Branco (AC).

“Para produzir patente não é preciso saber o porquê, é preciso saber que tal fato acontece. Isso exige menos conhecimento e trabalho do que produzir um artigo científico,” defendeu.

Para ele, mesmo com o progresso da ciência brasileira nos últimos anos, que dobrou o número de pesquisadores que publicam artigos, o crescimento do número de patentes brasileiras no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) ainda é pequeno. “Mesmo duplicando o número de pesquisadores ainda somos menores do que a média mundial”, afirmou.

Diferentemente dos Estados Unidos, onde mais de 96% das patentes se originam fora do setor universitário, os bolsistas do CNPq fornecem parcela substancial da produção de patentes no Brasil, acrescentou o palestrante. “Eles contribuem com quase 40% dessa produção”, observou.

Formação e qualificação

Ao elencar os desafios, Paulo Sérgio Beirão afirmou que é preciso “pessoal qualificado nas empresas para inovar”. Além disso, ele destacou que é necessário melhorar a qualidade da educação básica e aumentar a percepção da sociedade sobre o valor e a importância da ciência. A produção científica deve ter sempre “qualidade, impacto e relevância”.

De acordo com ele, as culturas empresarial e acadêmica possuem diferenças, e o ideal é que se construa uma conexão entre as partes. “Isso deve ser buscado, pois irá trazer benefícios para os dois lados. O mundo acadêmico tem mais liberdade, pois o empresarial tem que preservar informações por questões econômicas, mas é possível construir um diálogo entre as partes”, explicou.

Segundo o diretor, o CNPq tem investido em diversas frentes para melhorar esse quadro. “Temos programas de apoio à extensão tecnológica, às incubadoras e parques tecnológicos, aos núcleos de inovação tecnológica, entre outras ações”, concluiu.

Para diretor do CNPq, patentear é mais urgente que publicar

Com informações do MCTI – 25/07/2014

Diante de uma descoberta científica que pode gerar um novo produto ou processo, muitos pesquisadores brasileiros têm dúvida se devem primeiro patenteá-la ou publicar um artigo a respeito.

Para o diretor de Cooperação Institucional do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), Paulo Sérgio Beirão, a resposta é clara: “Faça a patente antes da publicação”.

Foi o que afirmou ele na conferência “Publicações ou patentes: um falso dilema da ciência no Brasil”, durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em Rio Branco (AC).

“Para produzir patente não é preciso saber o porquê, é preciso saber que tal fato acontece. Isso exige menos conhecimento e trabalho do que produzir um artigo científico,” defendeu.

Para ele, mesmo com o progresso da ciência brasileira nos últimos anos, que dobrou o número de pesquisadores que publicam artigos, o crescimento do número de patentes brasileiras no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) ainda é pequeno. “Mesmo duplicando o número de pesquisadores ainda somos menores do que a média mundial”, afirmou.

Diferentemente dos Estados Unidos, onde mais de 96% das patentes se originam fora do setor universitário, os bolsistas do CNPq fornecem parcela substancial da produção de patentes no Brasil, acrescentou o palestrante. “Eles contribuem com quase 40% dessa produção”, observou.

Formação e qualificação

Ao elencar os desafios, Paulo Sérgio Beirão afirmou que é preciso “pessoal qualificado nas empresas para inovar”. Além disso, ele destacou que é necessário melhorar a qualidade da educação básica e aumentar a percepção da sociedade sobre o valor e a importância da ciência. A produção científica deve ter sempre “qualidade, impacto e relevância”.

De acordo com ele, as culturas empresarial e acadêmica possuem diferenças, e o ideal é que se construa uma conexão entre as partes. “Isso deve ser buscado, pois irá trazer benefícios para os dois lados. O mundo acadêmico tem mais liberdade, pois o empresarial tem que preservar informações por questões econômicas, mas é possível construir um diálogo entre as partes”, explicou.

Segundo o diretor, o CNPq tem investido em diversas frentes para melhorar esse quadro. “Temos programas de apoio à extensão tecnológica, às incubadoras e parques tecnológicos, aos núcleos de inovação tecnológica, entre outras ações”, concluiu.