Cientistas da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA)
descobriram que um gene de sexo, responsável pela formação de embriões
masculinos, também é produzido na região do cérebro atingida pelo mal
de Parkinson. A nova pesquisa, que será publicada na edição de 21 de
fevereiro da Current Biology, explica por que mais homens que mulheres
desenvolvem a doença degenerativa, que aflige 1 milhão de americanos.
“Os homens são 1,5 vez mais suscetíveis a desenvolver o mal de
Parkinson que as mulheres” disse Eric Vilain, professor de genética
humana na Escola de Medicina David Geffen da UCLA. “Nossas descobertas
podem oferecer novas pistas sobre como a doença afeta diferentemente
homens e mulheres, e dizer por que os homens são mais suscetíveis à
doença”.
Em 1990, pesquisadores ingleses identificaram o SRY como o gene que
determina o sexo e forma os embriões masculinos. Localizado na
cromossomo masculino, o SRY fabrica uma proteína que é liberada pelas
células nos testículos.
Agora, numa descoberta inesperada, a equipe de Vilain tornou-se a
primeira a seguir a proteína SRY até uma região do cérebro chamada de
substantia nigra, que é deteriorada pelo mal de Parkinson.
O mal de Parkinson ocorre quando as células da substantia nigra
começam a não funcionar direito e morrem. Essas células produzem um
neurotransmissor chamado dopamina, que se comunica com as áreas do
cérebro que controlam o movimento e a coordenação.
“Pela primeira vez, descobrimos que as células do cérebro que produzem
dopamina dependem de um gene de sexo específico para funcionarem
direito” disse Vilain. “Nós também mostramos que o SRY tem um papel
central não apenas nas genitálias masculinas, mas também na regulação
do cérebro”.
Vilain acredita que as variações nos níveis da proteína do SRY podem
estar ligadas ao começo do mal de Parkinson e poderiam oferecer pistas
de quem corre o risco de ter a doença. “O SRY pode servir como agente
protetor contra o Parkinson”, disse. “Os homens que contraem a doença
podem ter níveis mais baixos do gene no cérebro”.
Porque o SRY só é encontrado em homens, Vilain acredita que as
mulheres devem possuir outro mecanismo fisiológico que proteja as
células produtoras de dopamina na substantia nigra. “Suspeitamos que o
estrógeno tenha a mesma função nas mulheres que o SRY em proteger o
cérebro do mal de Parkinson” ele disse. “Estamos estudando essa
hipótese em animais”.
Diferenças entre sexos em outras doenças ligadas à dopamina, como
esquizofrenia ou o vício, também podem ser explicadas pelo gene SRY,
disse Vilain.