Recordista mundial Kipketer anuncia aposentadoria das pistas

O queniano Dane Wilson Kipketer, recordista mundial dos 800m rasos e
tricampeão mundial, anunciou sua aposentadoria.

O atleta de 34 anos disse à Federação Internacional de Atletismo
(Iaaf) que tomou a decisão depois do fracasso na disputa pelo tão
sonhado ouro olímpico em Atenas, no ano passado, quando ficou com o
bronze.

“Decidi parar após Atenas, mas foi uma escolha pessoal”, disse
Kipketer ao site da Iaaf.

“Foi quando eu percebi que não daria mais para competir, que era o
ponto final. Mas esta é a primeira vez que eu expresso em palavras
essa decisão íntima.”

Prata em Sydney em 2000, Kipketer, radicado na Dinamarca desde 1990,
recebeu permissão da Iaaf para competir pelo país, mas o Quênia
barrou, em 1995, sua participação na Olimpíada de Atlanta por conta do
imbróglio sobre sua cidadania.

“Tinha apenas uma ambição desde a medalha de prata em Sydney, que era
ganhar o ouro, a única que faltava”, contou o atleta a Iaaf.

“Essa foi minha inspiração nos quatro anos seguintes. Mas, depois do
bronze em Atenas ficou claro e, sendo realista, tenho de reconhecer
que minha meta não será atingida. Minha vez não chegará. Por isso, não
estarei mais em Pequim (na Olimpíada de 2008) .”

Campeão mundial em 1995, 1997 e 1999, Kipketer estabeleceu o recorde
mundial nos 800m, que permanece até hoje, de 41s11, em agosto de 1997,
em Colônia, na Alemanha.

Matheus Inocêncio conquista 2º ouro do Brasil na Universíade

O Brasil conquistou nesta terça-feira a sua segunda medalha de ouro na
Universíade, competição multi-esportiva que reúne atletas
universitários de todo o mundo em Izmir (Turquia). Depois de Daiane
dos Santos ganhar a prova do solo na ginástica artística, Matheus
Inocêncio foi campeão nos 110 m com barreira no atletismo.

O país também terminou o dia com mais duas medalhas de bronze. Sandro
Viana foi terceiro colocado nos 100 m rasos do atletismo e Nicholas
Santos ficou no terceiro lugar dos 50 m borboleta da natação.

O destaque do dia foi mesmo Matheus Inocêncio. Na final desta
terça-feira, ele completou a prova em 13s45. O canadense Jared Macleod
ficou em segundo lugar, com 13s67, enquanto o ucraniano Sergiy
Demidyuk foi o terceiro, com 13s69.

O tempo de Inocêncio foi bem parecido com o que o brasileiro conseguiu
na semana passada, na final dos 110 m com barreiras do Mundial de
Atletismo, em Helsinque. Na ocasião, ele fez 13s48 e terminou em
oitavo lugar.

Apontado como uma das estrelas ascendentes do atletismo brasileiro,
Inocêncio é o único atleta do país a disputar tanto os Jogos Olímpicos
de Verão quanto os de Inverno. Em Salt Lake City-2002, ele foi um dos
“bananas congeladas”, como são conhecidos os membros da equipe
brasileira de bobsled. Dois anos depois, em Atenas, chegou à final dos
110 m com barreiras.

Nos 100 m rasos, Sandro Viana ficou com o bronze ao completar a final
no tempo de 10s49. O ouro foi para as mãos do chinês Kai Hu, que fez
10s30. Já o russo Andrey Yepishin ganhou a prata, com 10s43.

Agora, o Brasil já soma sete medalhas na Universíade. Além dos ouros
de Inocêncio e Daiane, o país ganhou duas pratas (com Mosiah Rodrigues
na ginástica artística e César Castro nos saltos ornamentais) e quatro
bronzes (Sandro Viana no atletismo, Nicholas Santos na natação e César
Castro/Cassius Duran e Juliana Veloso nos saltos ornamentais).

O Brasil ocupa a 12ª colocação no quadro de medalhas, à frente de
países tradicionais em competições esportivas, como Alemanha, Cuba e
França. O Japão lidera a lista, com 33 medalhas (14 de ouro, seis de
prata e 13 de bronze), seguido por China e Estados Unidos.

Mundial assiste à consagração de favoritos, e Brasil volta sem medalhas

Poucas surpresas, favoritos no topo do pódio, recorde de medalhas para os EUA e um sinal de alerta para a campanha brasileira. Assim foi o Mundial de atletismo de Helsinque, na Finlândia, que chegou ao seu final neste domingo.

Antes dos oito dias de disputas, o sonho brasileiro era de conseguir sua primeira medalha de ouro em 22 anos de Mundiais. Ficou faltando o ouro e, pior, a prata e o bronze também não apareceram, assim como em Edmonton-2001. Com isso, o país segue com quatro medalhas de prata e outras quatro de bronze em seu histórico na competição.

Há dois anos, em Paris, o Brasil só conquistou uma medalha no último dia, com a prata no revezamento 4×100 m, mesmo resultado obtido nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. No ano passado, situação semelhante aconteceu nas Olimpíadas de Atenas, quando Vanderlei Cordeiro de Lima ficou com o bronze na maratona, última prova do calendário, e única medalha do atletismo nacional na competição.

 
Jadel Gregório era a grande esperança de um lugar no pódio. Dono da segunda melhor marca do ano no salto triplo e com a ausência do sueco Christian Olsson, que está em fase de recuperação de uma cirurgia, o brasileiro tinha como principal adversário o romeno Marian Oprea, que registrara o melhor salto de 2005 e foi prata em Atenas, atrás apenas do supercampeão da Suécia.

Oprea havia saltado 17,81 m, em julho, enquanto Jadel conseguiu 17,73 m, em junho, a melhor marca de sua carreira. No entanto, nenhum dos dois confirmou a expectativa. O vencedor foi o norte-americano Walter Davis, com 17,57 m, seguido pelo cubano Yoandri Betanzos, com 17,42 m. O romeno foi apenas o terceiro, com 17,40 m.

O brasileiro ficou longe de suas melhores marcas. Conseguiu completar quatro dos seis saltos com sucesso, sendo apenas dois acima dos 17,00 m: o primeiro, com 17,11 m, e o quarto, com 17,20 m. A marca foi a mesma alcançada nas eliminatórias, quando disse que estava "se poupando", e o resultado o colocou apenas na sexta posição na classificação geral.

A justificativa foram dores no músculo direito e na panturrilha esquerda, mas, mesmo assim, o gosto foi de decepção, como confirma Roberto Gesta de Melo, presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), e membro do Conselho da Iaaf (Federação Internacional das Associações de Atletismo). "Achávamos que o Jadel ganharia uma medalha no triplo, até os adversários dele acreditavam nisso. Ele foi bem, foi à final, saltou 17,20 m. O atleta é quem está mais chateado entre todos", afirmou.

O já tradicional revezamento 4×100 m rasos do Brasil, com os jovens Basílio Moraes, Bruno Pacheco e Jorge Célio nas vagas dos experientes Claudinei Quirino (recém-aposentado) e Edson Luciano (que se recupera de contusão), não brilhou como antes e ficou fora da final. "Corremos mal do primeiro ao quarto homem", disse Claudio Roberto, vice em Paris 2003 e presente em Helsinque, assim como André Domingos. O técnico Jayme Netto concordou que o desempenho não foi bom. "A gente tem de admitir quando não vai bem. Os velocistas, no masculino, foram mal no 4×100 e nas provas individuais."

Sem Vicente Lenílson, atleta que tem a melhor colocação no ranking dos 100 m rasos e que, lesionado, não foi à Finlândia, o Brasil não conseguiu passar à nenhuma final nas provas de velocidade masculinas, mesmo resultado dos meio-fundistas. Claudio Roberto (100 m), André Domingos, Basílio Moraes e Bruno Pacheco (200 m), Anderson Jorge (400 m), Osmar Barbosa e Fabiano Peçanha (800 m), além de Hudson de Souza ( 1.500 m) pararam já nas preliminares.

Além de Jadel Gregório, apenas outro atleta do masculino chegou à final. Sétimo em Atenas, Mathus Inocêncio foi o oitavo nos 110 m com barreiras, enquanto Redelen dos Santos e Anselmo Gomes chegaram às semifinais. "Não estou triste, nem posso. Mas queria chegar entre os cinco primeiros. E acho que ia conseguir, mas bati na quarta barreira. Sei que posso melhorar", disse o finalista.

Na maratona, Vanderlei Cordeiro de Lima, bronze nos Jogos Olímpicos, sentiu uma contratura na perna direita e não completou o percurso. O brasileiro mais bem colocado foi Marilson Gomes dos Santos, em décimo. "Ele foi inteligente, soube correr num percurso difícil, e além disso mostrou uma grande forma", disse o treinador-chefe da seleção, Ricardo D’Angelo.

As mulheres brasileiras ofuscaram o desempenho ruim dos homens no Mundial. A melhor colocação do país na Finlândia ficou a cargo de Lucimar Moura, Luciana Santos, Thatiana Ignácio e Raquel Costa , que levaram o revezamento 4×100 m ao quinto lugar. O tempo conquistado, 42s99, é apenas 0s02 inferior ao recorde sul-americano, também pertencente ao Brasil.

Outro revezamento, o 4×400 m, com Maria Laura, Geisa Coutinho, Josiane Tito e Lucimar Teodoro, bateu o recorde sul-americano na semi, com 3min26s82. Na luta por medalhas, no entanto, a equipe foi desclassificada, pois Lucimar, reponsável por fechar a prova, mudou de posição para receber o bastão. Ela devia receber na raia seis, mas se posicionou em uma raia interna, o que não é permitido.

Entre as velocistas, o desempenho também foi melhor do que o masculino. Lucimar Moura chegou à semi nos 100 m e 200 m. "Alcancei duas semifinais. Não posso reclamar", afirmou a atleta. Sua xará, Lucimar Teodoro, também foi semifinalista nos 400 m.

No salto com vara, Fabiana Murer registrou 4,40 m e igualou o recorde brasileiro. No entanto, fica aí visível uma defesagem da prova no país em relação ao que se pratica no mundo, já que a russa Yelena Isinbayeva, na final, quebrou o recorde mundial pela 18ª vez na carreira, superando 5,01 m, 61 centímetros a mais do que o melhor salto do Brasil.

A expectativa é de que a renovação pela qual passa o atletismo brasileiro traga resultados expressivos nas próximas temporadas. Atletas como Basílio Moraes, Bruno Pacheco, Jorge Célio, Raquel Costa, Franciela Krasucki, Lucimar Teodoro, Amanda Dias, Fabiano Peçanha, Anselmo Gomes da Silva e Thatiana Ignácio, ainda todos abaixo de 23 anos, terão a missão de subir aos pódios em torneios internacionais e melhorar o desempenho de apenas quatro finais em Helsinque.

 
Os EUA nunca haviam conquistado tantas medalhas de ouro em uma edição do Mundial. Foram 14 em Helsinque, que somadas às oito pratas e três bronzes, levaram o país ao título da competição. Mas quem ofuscou o brilho norte-americano foi a russa Yelena Isinbayeva, que bateu pela 18ª vez o recorde mundial no salto com vara.

Os favoritos confirmaram a boa fase e subiram no topo do pódio, como o norte-americano Justin Gatlin, 23. Sem a presença do recordista mundial, o jamaicano Asafa Powell, lesionado, ele venceu com facilidade os 100 m, e repetiu a dose nos 200 m.

O etíope Kenenisa Bekele, 23, ficou com a medalha de ouro nos 10.000 m, recheando ainda mais a sua precoce mas já gloriosa carreira, na qual soma um título olímpico e dois em Mundiais, e recordes nos 5.000 m 10.000 m.

O marroquino Rashid Ramzi, que se naturalizou e hoje compete pela bandeira do Bahrein, figurava entre os principais nomes das provas de fundo, mas foi além do esperado. Ele se tornou o atleta a vencer duas provas em um Mundial, com o ouros nos 800 m e 1.500 m.

O queniano Saif Saeed Shaheen, naturalizado pelo Qatar, se firmou como um dos principais nomes do mundo nos 3.000 m com obstáculos, repetindo o feito de Paris-2003 e conquistando o bicampeonato. No salto em diistância, o norte-americano Dwight Philips, atual campeão olímpico, conquistou o bi mundial.

Entre as mulheres, a cubana Osleydis Menéndez melhorou ainda mais seu recorde mundial no lançamento de dardo, registrando 71,70 m.

Nas provas de longa distância, a russa Olimpiada Ivanova garantiu o melhor tempo do mundo na marcha atlética 20 km com 1h25min41. Na maratona, a britânica Paula Radcliffe, recordista mundial, apagou o fiasco de Atenas, quando não completou a prova, e subiu no lugar mais alto do pódio.

Mas, de todas as competições, quem reinou foi Isinbayeva. A bela russa, de apenas 23 anos, registrou impressionantes 5,01 m no salto com vara, quebrando o recorde mudial pela 18ª vez e se confirmando como um dos maiores fenômenos na história do atletismo.

Seguidora dos passos do ucranino Sergey Bubka, que superou a melhor marca do mundo em 35 oportunidades e ainda detém o recorde mundial (6,14 m, conquistado em 1994), Isinbayeva se mostra ambiciosa quanto aos planos para as próximas competições. "Eu posso tentar 5,02 m ou 5,03 m", disse a russa voadora.