Problema crônico antecipa aposentadoria de Claudinei Quirino

Ricardo Zanei/UOL Esporte  
Fortes dores no púbis impulsionam Claudinei a encerrar carreira aos 34 anos

Sábado, Claudinei Quirino vai entrar com o pé direito pela última vez em uma pista como atleta profissional. A superstição estará presente em sua despedida, no revezamento 4 x 100 m rasos, no Troféu Brasil, no Ibirapuera, em São Paulo.

Cerca de 10 segundos após o tiro inicial, Quirino receberá o bastão das mãos de Vicente Lenílson e irá passá-lo para André Domingos, ambos companheiros na conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Sydney. Poucos segundos após o arranque de Domingos, Claudinei Quirino será um ex-atleta.

A decisão pela aposentadoria foi tomada de última hora. Aos 34 anos, Claudinei, chamado de "Nei" pelos amigos, não consegue mais treinar como antigamente. Em 2001, ele passou por uma cirurgia no púbis e, desde então, as dores se tornaram um "tormento", como definiu o técnico Jayme Netto, para quem o atleta de Lençóis Paulista é "um dos maiores velocistas do Brasil". O "tormento", no entanto, se tornou insuportável.

"Depois da cirurgia, eu treinei e tentei muito, mas as dores foram se tornando cada vez mais fortes e hoje me impossibilitam de treinar. Eu não tinha planejado parar neste momento, não estava nada programado. Queria correr mais alguns anos", disse o atleta, nesta quarta-feira, em São Paulo.

"Não tenho mais condições físicas e não quero me submeter a outra cirurgia. Só quem passou por isso sabe como é difícil se recuperar, e eu não me recuperei até hoje. A operação foi um sucesso, mas nunca mais fui o mesmo", completou.

HOMENAGEM AO QUARTETO

Na conquista da prata em Sydney, Vicente Lenílson (à esq.)abriu a prova e passou o bastão para Edson Luciano (segundo, da esq. para dir.). André Domingos foi o terceiro a correr, e Claudinei Quirino (à dir.) cruzou a linha final na segunda posição.

Agora, no Troféu Brasil, Vicente mais uma vez será o primeiro do revezamento. Claudinei assume o lugar do machucado Edson e passa para André. Bruno Pacheco ou Rafael Ribeiro finalizam a prova.

A mudança na ordem foi feita a pedido de Claudinei, que quis assumir a posição do amigo lesionado. "Pedi para correr como segundo homem para homenagear o Edson. Comecei minha carreira nessa posição e vou terminar nela", comentou.

Visivelmente emocionado, Vicente não escondeu que será difícil assimilar a ausência de Claudinei. "A minha vontade é de que ele continuasse, corresse e ganhasse de todos nós. Além de tudo, é um amigo, um parceiro. No sábado, tenho a responsabilidade de passar o bastão para ele. Na hora, talvez não vou sentir nada, porque estamos muito ligados na prova, mas, depois que acabar…"

Último a receber o bastão de Claudinei em uma prova oficial, André já imagina o momento. "Ele é um espelho para a molecada. Não digo que vou levar um ‘lencinho’, mas vou correr cheio de felicidade, mas, com certeza, muito triste. Hoje, me segurei para não chorar. Será uma emoção muito grande."

Bruno, "ex-boleiro", que apontou a prata olímpica como um dos motivos que o levaram a admirar o esporte, deve ser o escolhido para fechar a prova. E sonha com a possibilidade de assumir a "vaga" no revezamento. "O Cleudinei sempre brinca comigo que eu sou o sucessor dele. Foi depois de Sydney que eu comecei a minha vida no atletismo."

Claudinei optou pelo fim da carreira enquanto ainda comemora o sucesso de suas conquistas. Ele afirmou que poderia continuar correndo, mas longe dos tempos dos "atletas de ponta". "O Pan de 2007 era o objetivo, mas não sei se ia conseguir o índice. Se eu quiser ser medíocre, posso correr por muitos anos. Mas sou um atleta de alto nível e, se não der para me manter assim, é melhor parar."

A primeira volta de Gustavo Kuerten às quadras deu um novo ânimo a Claudinei. Mesmo com problemas diferentes (o do velocista é no púbis, enquanto o tenista passou por duas cirurgias no quadril), o atleta pensou que pudesse seguir os mesmos passos do tricampeão de Roland Garros e voltar à seqüência de vitórias. "Rapaz, quando vi o Guga ganhando, pensei que um dia ia chegar a minha vez. Mas não chegou."

Outro fato que contribuiu para a aposentadoria foi a ausência nas Olimpíadas de Atenas, no ano passado. Ele não conseguiu o índice, e a equipe terminou apenas na oitava posição. "Fiquei chateado. Não com ninguém, mas comigo mesmo. No atletismo, se você não faz o índice, não pode ir, só vai quem tem condições, e eu não fui porque eu não fiz o índice. O pessoal não te leva porque você é o Claudinei Quirino. Queria muito mesmo ter ido, mas tinha gente que estava na minha frente."

Prata nos 200 m rasos no Mundial de Sevilha, na Espanha, em 1999, Claudinei não esconde que a despedida ainda não foi muito bem "digerida". "Todos os meus sonhos como atleta estavam voltados ao atletismo. A sensação é vitoriosa, consegui tudo o que pude. Todo o apoio que recebi tentei descontar na pista, dentro das minhas condições. Estou orgulhoso, porque consegui representar meu país do melhor jeito que eu pude. Vai ser difícil deixar tudo para trás. Ainda não caiu a ficha. Tudo agora é novo."

O 4 x 100 m rasos, no começo da carreira, não era uma das prioridades de Claudinei, que preferia os 100 m e 200 m rasos. Mesmo assim, foi a prova que lhe trouxe o momento mais inesquecível dentro das pistas e, por isso, a escolhida para a sua despedida. "A prata em Sydney é o momento que eu vou guardar para sempre", revelou.

"Queria parar com os três que foram felizes e vitoriosos comigo: Vicente Lenílson, Edson Luciano e André Domingos. Infelizmente, o Edson não vai poder correr (está com um problema no esporão do calcanhar e passará por uma cirurgia nos próximos dias) , mas vai assistir", emendou o velocista.

A semifinal do 4×100 m no Troféu Brasil acontece no sábado, às 11h30, quando Claudinei correrá ao lado de Bruno Pacheco, Eliezer Almeida e Rafael Ribeiro. A final está prevista para as 17h45. A despedida terá como parceiros André Domingos e Vicente Lenílson, enquanto os outros três atletas que disputaram a semi lutam pela última vaga na equipe. "Não sei se vamos ganhar, mas quero terminar com uma imagem boa. Escolhi essa prova porque é ela que mostra a minha carreira", justificou.

Problema crônico antecipa aposentadoria de Claudinei Quirino

Ricardo Zanei/UOL Esporte  
Fortes dores no púbis impulsionam Claudinei a encerrar carreira aos 34 anos

Sábado, Claudinei Quirino vai entrar com o pé direito pela última vez em uma pista como atleta profissional. A superstição estará presente em sua despedida, no revezamento 4 x 100 m rasos, no Troféu Brasil, no Ibirapuera, em São Paulo.

Cerca de 10 segundos após o tiro inicial, Quirino receberá o bastão das mãos de Vicente Lenílson e irá passá-lo para André Domingos, ambos companheiros na conquista da medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Sydney. Poucos segundos após o arranque de Domingos, Claudinei Quirino será um ex-atleta.

A decisão pela aposentadoria foi tomada de última hora. Aos 34 anos, Claudinei, chamado de "Nei" pelos amigos, não consegue mais treinar como antigamente. Em 2001, ele passou por uma cirurgia no púbis e, desde então, as dores se tornaram um "tormento", como definiu o técnico Jayme Netto, para quem o atleta de Lençóis Paulista é "um dos maiores velocistas do Brasil". O "tormento", no entanto, se tornou insuportável.

"Depois da cirurgia, eu treinei e tentei muito, mas as dores foram se tornando cada vez mais fortes e hoje me impossibilitam de treinar. Eu não tinha planejado parar neste momento, não estava nada programado. Queria correr mais alguns anos", disse o atleta, nesta quarta-feira, em São Paulo.

"Não tenho mais condições físicas e não quero me submeter a outra cirurgia. Só quem passou por isso sabe como é difícil se recuperar, e eu não me recuperei até hoje. A operação foi um sucesso, mas nunca mais fui o mesmo", completou.

HOMENAGEM AO QUARTETO

Na conquista da prata em Sydney, Vicente Lenílson (à esq.)abriu a prova e passou o bastão para Edson Luciano (segundo, da esq. para dir.). André Domingos foi o terceiro a correr, e Claudinei Quirino (à dir.) cruzou a linha final na segunda posição.

Agora, no Troféu Brasil, Vicente mais uma vez será o primeiro do revezamento. Claudinei assume o lugar do machucado Edson e passa para André. Bruno Pacheco ou Rafael Ribeiro finalizam a prova.

A mudança na ordem foi feita a pedido de Claudinei, que quis assumir a posição do amigo lesionado. "Pedi para correr como segundo homem para homenagear o Edson. Comecei minha carreira nessa posição e vou terminar nela", comentou.

Visivelmente emocionado, Vicente não escondeu que será difícil assimilar a ausência de Claudinei. "A minha vontade é de que ele continuasse, corresse e ganhasse de todos nós. Além de tudo, é um amigo, um parceiro. No sábado, tenho a responsabilidade de passar o bastão para ele. Na hora, talvez não vou sentir nada, porque estamos muito ligados na prova, mas, depois que acabar…"

Último a receber o bastão de Claudinei em uma prova oficial, André já imagina o momento. "Ele é um espelho para a molecada. Não digo que vou levar um ‘lencinho’, mas vou correr cheio de felicidade, mas, com certeza, muito triste. Hoje, me segurei para não chorar. Será uma emoção muito grande."

Bruno, "ex-boleiro", que apontou a prata olímpica como um dos motivos que o levaram a admirar o esporte, deve ser o escolhido para fechar a prova. E sonha com a possibilidade de assumir a "vaga" no revezamento. "O Cleudinei sempre brinca comigo que eu sou o sucessor dele. Foi depois de Sydney que eu comecei a minha vida no atletismo."

Claudinei optou pelo fim da carreira enquanto ainda comemora o sucesso de suas conquistas. Ele afirmou que poderia continuar correndo, mas longe dos tempos dos "atletas de ponta". "O Pan de 2007 era o objetivo, mas não sei se ia conseguir o índice. Se eu quiser ser medíocre, posso correr por muitos anos. Mas sou um atleta de alto nível e, se não der para me manter assim, é melhor parar."

A primeira volta de Gustavo Kuerten às quadras deu um novo ânimo a Claudinei. Mesmo com problemas diferentes (o do velocista é no púbis, enquanto o tenista passou por duas cirurgias no quadril), o atleta pensou que pudesse seguir os mesmos passos do tricampeão de Roland Garros e voltar à seqüência de vitórias. "Rapaz, quando vi o Guga ganhando, pensei que um dia ia chegar a minha vez. Mas não chegou."

Outro fato que contribuiu para a aposentadoria foi a ausência nas Olimpíadas de Atenas, no ano passado. Ele não conseguiu o índice, e a equipe terminou apenas na oitava posição. "Fiquei chateado. Não com ninguém, mas comigo mesmo. No atletismo, se você não faz o índice, não pode ir, só vai quem tem condições, e eu não fui porque eu não fiz o índice. O pessoal não te leva porque você é o Claudinei Quirino. Queria muito mesmo ter ido, mas tinha gente que estava na minha frente."

Prata nos 200 m rasos no Mundial de Sevilha, na Espanha, em 1999, Claudinei não esconde que a despedida ainda não foi muito bem "digerida". "Todos os meus sonhos como atleta estavam voltados ao atletismo. A sensação é vitoriosa, consegui tudo o que pude. Todo o apoio que recebi tentei descontar na pista, dentro das minhas condições. Estou orgulhoso, porque consegui representar meu país do melhor jeito que eu pude. Vai ser difícil deixar tudo para trás. Ainda não caiu a ficha. Tudo agora é novo."

O 4 x 100 m rasos, no começo da carreira, não era uma das prioridades de Claudinei, que preferia os 100 m e 200 m rasos. Mesmo assim, foi a prova que lhe trouxe o momento mais inesquecível dentro das pistas e, por isso, a escolhida para a sua despedida. "A prata em Sydney é o momento que eu vou guardar para sempre", revelou.

"Queria parar com os três que foram felizes e vitoriosos comigo: Vicente Lenílson, Edson Luciano e André Domingos. Infelizmente, o Edson não vai poder correr (está com um problema no esporão do calcanhar e passará por uma cirurgia nos próximos dias) , mas vai assistir", emendou o velocista.

A semifinal do 4×100 m no Troféu Brasil acontece no sábado, às 11h30, quando Claudinei correrá ao lado de Bruno Pacheco, Eliezer Almeida e Rafael Ribeiro. A final está prevista para as 17h45. A despedida terá como parceiros André Domingos e Vicente Lenílson, enquanto os outros três atletas que disputaram a semi lutam pela última vaga na equipe. "Não sei se vamos ganhar, mas quero terminar com uma imagem boa. Escolhi essa prova porque é ela que mostra a minha carreira", justificou.

Asafa Powell quebra o recorde mundial dos 100 metros

ATENAS (Reuters) – O jamaicano Asafa Powell registrou na terça-feira o novo recorde mundial dos 100 metros com o tempo de 9s77, alcançado no estádio Olímpico de Atenas.

Em uma noite quente e em uma das pistas mais rápidas do mundo, o atleta de 22 anos quebrou a marca anterior pertencente a Tim Montgomery, de 9s78, registrada em Paris em setembro de 2002.

Powell já havia afirmado nesta semana que tentaria quebrar o recorde durante o Grand Prix de Atenas, no estádio que recebeu os Jogos Olímpicos do ano passado, e onde o norte-americano Maurice Greene também registrou uma nova marca dos 100 metros em 1999.

"Isso mostra que ninguém sabe com que rapidez um homem pode correr", disse Powell a repórteres. "Estou contente de ter registrado o recorde em uma pista onde Maurice Greene também quebrou o recorde mundial".

"Eu sabia que podia quebrar o recorde mundial, e estou muito feliz de ter tido sucesso".

Questionado se pode correr ainda mais rápido, Powell sorriu.

"Se você perguntar o que mais eu posso fazer neste ano, vai ter que esperar até o final da temporada para ver", disse ele.

A marca de 9s79 de Greene sobreviveu por três anos, até que Montgomery a quebrou em Paris.

Na final dos 100 metros em Atenas na terça-feira, Powell começou muito bem e terminou três metros à frente de Aziz Zakari, de Gana, que ficou em segundo com 9s99, e do jamaicano Michael Frater, que foi o terceiro. A velocidade do vento estava dentro do limite legal.