Despedida, estrelas e esperançosos marcam o Troféu Brasil

A DESPEDIDA DE CLAUDINEI

As fortes dores no púbis persistem desde 2001. Hoje, aos 34 anos e
enfrentando dificuldades para treinar, Claudinei Quirino anunciou o
fim de sua carreira. Sua última prova acontece neste sábado, no Troféu
Brasil, em São Paulo. Leia mais
A aposentadoria do medalhista olímpico Claudinei Quirino, a presença
das principais estrelas da modalidade e de esperançosos em conquistar
o índice para o Mundial de Helsinque, na Finlândia, em agosto, são os
ingredientes para a disputa do Troféu Brasil, principal competição do
atletismo nacional, que começa nesta quinta-feira e vai até domingo. O
palco será o estádio Ícaro de Castro Melo, no Ibirapuera, em São
Paulo.

Um dos momentos de maior emoção está previsto para o sábado, quando
acontecem a semi e a final do revezamento 4×100 m rasos. A prova será
a última da carreira de Claudinei Quirino, medalha de prata nos Jogos
Olímpicos de Sydney-2000 ao lado de Vicente Lenílson, André Domingos e
Edson Luciano.

Do quarteto, apenas Edson Luciano estará fora. Às vésperas de passar
por uma cirurgia, ele desfalca o time, mas verá das arquibancadas seus
companheiros tentarem a conquista do ouro, que coroaria com vitória o
fim da carreira de Claudinei. “Estou ansioso e até com medo de não
conseguir correr direito. Mas estou preparado”, disse o atleta, de 34
anos, que antecipou a aposentadoria por causa de um problema crônico
no púbis.

NÚMEROS DO TROFÉU BRASIL
O Troféu Brasil reunirá 792 atletas, 457 homens e 316 mulheres,
representando 103 clubes brasileiros, de 19 Estados, mais o Distrito
Federal. A competição começa nesta quinta, às 8h30, e seguirá até
domingo, com 44 finais. Os atletas disputarão todas as provas
olímpicas, menos a maratona e os 50 km marcha atlética, e o programa
inclui também os 3.000 m com obstáculos feminino.
Além do 4×100 m, existe a possibilidade, ainda remota, de que
Claudinei corra os 200 m, prova da qual foi vice-campeão mundial de
Sevilha, na Espanha, em 1999. A “pressão” tem sido feita por Vicente
Lenílson. “Ele vem brincando e me falando para correr, mas acho que
ele não vai me convencer. O Vicente é persistente, mas devo participar
apenas do 4×100 m mesmo, que foi a prova que me consagrou.”

Estrela da modalidade, o triplista Jadel Gregório é um dos destaques
do torneio. Ele detém quatro das cinco melhores marcas do ano e já
está garantido no Mundial. Seu melhor salto foi 17,71 m, no final de
abril, em São Paulo, distância ainda não alcançada por nenhum outro
atleta na temporada. No entanto, disputa o Troféu Brasil sem técnico,
já que rompeu com Aristides Junqueira.

Para se classificar ao Mundial, os atletas que obtiveram o índice “A”
em 2004 terão de fazer pelo menos uma vez o índice “B” em 2005. Jadel,
por exemplo, já está garantido no salto triplo, enquanto precisa
cravar o índice “B” pelo menos uma vez para ir à competição também no
salto em distância. Campeões e vice-campeões do Troféu, desde que
tenham índices, garantirão presença na delegação que irá à Finlândia.

Vicente Lenilson é outro destaque. Classificado nos 100 m (10s17) e
nos 200 m (20s39), ele tenta, no Troféu Brasil, a quebra de dois
recordes do torneio, ambos pertencentes a Robson Caetano. O
ex-velocista marcou 10s08 nos 100 m em 1991 e 20s32 nos 200 m em 1989,
tempos nunca batidos.

Basílio de Moraes Júnior, André Domingos, Bruno Pacheco e Vicente
Lenílson são os favoritos nos 200 m masculino, enquanto Lucimar Moura,
que fez o índice “A” a prova no feminino, é a principal concorrente ao
título. “Acho que a Lucimar e o Vicente são os favoritos a vencer, mas
espero ver uma briga muito boa pelos segundo e terceiro lugares no
masculino”, disse o técnico e ex-velocista olímpico Katsuhico Nakaya.

Nos 1.500 m masculino, que terá semifinal às 10h20 desta quinta, o
destaque é Hudson Santos de Souza, bicampeão pan-americano nos 1.500 m
e 5.000 m, mas que ainda não têm índice na prova.

Anderson Jorge dos Santos é o único sul-americano com índice “A” nos
400 m, com o tempo de 45s51. O atleta, de 32 anos, diz estar em sua
melhor fase e tem como melhor marca na prova os 45s39 conquistados em
1999, na cidade de Bogotá, na Colômbia. Sanderlei Parrela é o
recordista do Troféu Brasil, com 44s96, em 1997.

Uma das atletas com esperança de chegar ao Mundial é Keila Costa,
campeã brasileira do salto triplo e do salto em distância. Para isso,
ela precisa alcançar 14,00 m para conseguir o índice “B” no triplo,
exatamente seu recorde pessoal, conquistado em 2001, quando tinha 18
anos. No salto em distância, a representante do Brasil em Atenas ainda
luta para conseguir pelo menos o índice “B”, de 6,60 m, exigido pela
Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo).

O salto com vara também tem duas representantes de peso no Troféu
Brasil. Joana Ribeiro da Costa e Fabiana Murer já estão com o índice
“B” para competir em Helsinque. Ambas saltaram 4,30 m, novo recorde
brasileiro.

Jadel Gregório fica sem técnico até o ano que vem

Dono de quatro das cinco melhores marcas de 2005 no salto triplo,
Jadel Gregório não será mais treinado por Aristides Junqueira, com
quem trabalhava desde o fim de 2004.

“Ainda não conversei com ele e não sei quem poderia dirigi-lo. O novo
técnico será definido só para o ano que vem”, diz Sérgio Nogueira,
dirigente da BM&F, equipe de Jadel.

O rompimento se deve ao fato de o saltador não ficar muito em
Presidente Prudente, onde mora Junqueira. Desde que se casou, Jadel
tem permanecido mais em São Paulo, onde vive Samara, sua mulher.

É na cidade que ele disputa o Troféu Brasil, que começa nesta
quinta-feira e serve de desempate para classificar os brasileiros para
o Mundial, que será em agosto.

Prata na Olimpíada de 2000, Claudinei Quirino se aposenta

Claudinei Quirino, medalha de prata no revezamento 4×100 metros na
Olimpíada de Sydney, anunciou na quarta-feira sua aposentadoria devido
às dores após passar por uma cirurgia no púbis em 2001.

“Não estou parando feliz, mas as dores eram frequentes e, desde a
cirurgia, venho lutando contra elas. Continuarei no atletismo para
passar minha experiência aos mais jovens”, explicou ele em entrevista
à imprensa.

Aos 34 anos, ele fará sua despedida oficial das pistas no sábado, na
disputa do 4x100m do Troféu Brasil, no Ibirapuera, em São Paulo.

“Ultimamente tenho sentido muitas dores e corrido no sacrifício. Já
fiz muito pelo Brasil e me sinto um atleta realizado”, afirmou o
velocista, que começou a correr aos 21 anos.

“De qualquer forma, já sabia que o meu ciclo estava se encerrando. Se
não fosse agora, seria no ano que vem”, completou o atleta, ouro no
4x100m dos Jogos Pan-Americanos de 2003 e recordista brasileiro e
sul-americano da mesma prova.

Para ele, o Brasil está bem servido com a nova geração de atletas.
“Antes, o atletismo era composto por nomes isolados, como Zequinha
Barbosa, Joaquim Cruz e Robson Caetano. Hoje, há uma geração com muito
potencial no Brasil, como Rafael Ribeiro, Bruno Pacheco, Amanda Dias e
Fabiana Morais. Quero que todos eles voem mais alto que nós”, afirmou
Quirino.