Coreanos devem liberar células de clones para outros pesquisadores

Os cientistas que desejarem estudar as células-tronco embrionárias
derivadas de clones humanos por cientistas da Coréia do Sul só
precisarão mandar um e-mail para Woo Suk Hwang, o coordenador do
grupo. É o que afirmou ontem à Folha Gerald Schatten, da Universidade
de Pittsburgh, único americano (e não-coreano) a participar do estudo.
“Está lá, na nota 32 de nosso artigo, com detalhes sobre o
compartilhamento de células”, afirmou Schatten, que precisou responder
com uma mensagem de texto de seu celular por estar em viagem, na
Coréia. A nota explica que o governo sul-coreano deve estabelecer um
Centro Nacional de Pesquisas com Células-Tronco, que abrigará as doze
linhagens já criadas por cientistas do país.
Assim que a criação do centro aconteça, elas estarão disponíveis para
distribuição, mas pesquisadores podem requisitar células a Hwang desde
já.
Por enquanto, não há planos de patentear as linhagens, embora algumas
das primeiras células-tronco embrionárias tenham passado por esse
processo. A generosidade dos pesquisadores se explica, em parte, pela
própria natureza desse tipo de célula. Uma vez estabelecida a
linhagem, o manejo laboratorial adequado permite que elas se mantenham
não apenas pluripotentes (ou seja, capazes de se transformar em quase
qualquer tecido do organismo) como também virtualmente “imortais”,
sofrendo sucessivas divisões sem problemas.
Hwang, que trabalha na Universidade Nacional de Seul, contou que vai
colaborar com o britânico Ian Wilmut, “pai” da ovelha Dolly. O coreano
visitou o Instituto Roslin, na Escócia, onde Wilmut trabalha, e a
dupla pretende usar a clonagem para estudar a doença de Lou Gehrig
(grave moléstia neurológica).
Ao chegar a Seul, ele voltou a enfatizar que os estudos estão só
começando. “É como chegar a uma sala que está isolada por muitas
portas. Já abri algumas portas, mas ainda faltam várias.”
Nos Estados Unidos, há perspectivas de que a Câmara dos Representantes
vote na semana que vem uma lei que permite as pesquisas com
células-tronco retiradas de embriões descartados por clínicas de
fertilização. O presidente Bush, no entanto, já anunciou que vai
vetá-la.

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