Realidade Virtual ganha peso extra na rota do ensino

A TV Escola tomou parte do Big Festival Games, o mais importante festival de jogos independentes da América Latina, que se encerrou esta semana, em São Paulo. E o grande cartão de visitas da emissora no evento foi o projeto Escola Realidade Virtual, desenvolvido pela Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (ACERP) e alguns parceiros.

Por meio de óculos devidamente preparados para tanto, é possível viajar por pontos históricos da cidade do Rio de Janeiro, como se o espectador fosse transportado para o Cristo Redentor, a Praça Mauá – incluindo uma visão completa do painel do artista Kobra, e o Museu do Amanhã –, Lapa, Quinta da Boa Vista e Praça Quinze, até a Ilha Fiscal.

O ensino tem sido alvo cada vez mais associado à tecnologia da Realidade Virtual, algo que coloca o espectador na cena da imagem. É sempre gratificante e surpreendente ouvir o que a RV tem feito pela Educação, mesmo porque essa é uma tendência criada e cultivada inicialmente muito mais para o universo do Entretenimento, o que nos faz suspeitar que a RV é forte aliada do ensino na infalível arte de aprender se divertindo.

Quando lançou a produtora Junglebee, em parceria com Marcos Nisti (CEO do Instituto Alana e sócio-proprietário da produtora Maria Farinha Filmes) e Rawlinson Terrabuio (pela Beenoculus, startup de tecnologia de realidade estendida (eXtended Reality – XR), o diretor Tadeu Jungle falou muito sobre a questão da Educação, e a produtora, aberta muito recentemente, já acumula projetos nesse campo.

Em um dos vídeos postados na página da Junglebee no Facebook, Tadeu fala sobre uma produção que leva o espectador a viajar por dentro de grandes obras de artes. O inventor da ideia produz um cenário bastante possível para aquele universo, capturando, por exemplo, o que estaria em volta da Monalisa no quadro de Da Vinci, e o espectador, ao colocar os óculos que o conecta com aquela produção, passa a transitar ao lado de Monalisa e a conhecer seu contexto.

Ideias como essa têm se multiplicado em produções diversas pelo mundo. Pensando mais longe, antes que o estudante tenha dinheiro para ir a Roma conhecer o Fórum Romano ou o Coliseum, ele poderá trafegar por aquelas ruínas, guiado por uma produção em Realidade Virtual. É claro que nada substitui uma visita ao vivo, mas, enquanto isso estiver fora do alcance orçamentário, um passeio virtual será mais proveitoso que a Enciclopédia Barsa ou o Google.

TV Escola

Apesar de todas as contrariedades que eu possa ter sobre o atual ministério da Educação, a TV Escola é um empenho em fazer algumas coisas funcionarem. No festival de games, a TV Escola participou ainda do Big Starter: Pitch de Projetos Inéditos, no Centro Cultural São Paulo, tendo Cristina Carvalho de Mendonça – Assessora de Projetos Especiais da TV Escola – como jurada para premiar projetos de entretenimento e educação.

O projeto de Realidade Virtual tendo o Rio como foco é tratado como ponto de partida para produções similares, capazes de levar o aluno a transitar por cenários históricos. A partir do piloto, o canal espera despertar interesse em secretarias de educação, prefeituras e estados, buscando financiamento do Ministério da Educação, para adquirir óculos e celulares preconizados, e criem bibliotecas virtuais nas escolas.

Oxalá haja dinheiro para tanto. Não que o negócio seja uma fortuna, mas, como se sabe, Saúde e Educação têm sofrido constantes cortes de orçamento para socorrer outras áreas de interesse do governo.

O projeto abraça ainda a questão da acessibilidade. O aplicativo foi construído com versão em Libras também para as crianças, jovens e adultos com deficiência auditiva.