Reforma do Ibirapuera obriga mudança e ‘espreme’ atletas de elite

Felipe Munhoz – Em São Paulo – UOL – 22/04/09
 
A pista de atletismo do Ibirapuera será reformada no final deste mês e obrigará pelo menos 120 atletas a mudar de ambiente de trabalho. Atualmente, treinam no local parte dos atletas da BM&F, da Rede Atletismo e atletas de outras cidades da região – entre eles estão a campeã olímpica Maurren Maggi e a saltadora Fabiana Murer. No entanto, todos serão transferidos para locais onde já treinam um número “ideal” de competidores. Os anfitriões, inclusive, se dizem “assustados” com a situação, pois acreditam que faltará espaço.
 
MURER TEME POR EQUIPAMENTOS
 
Em Pequim, a saltadora Fabiana Murer teve problema com uma vara que se perdeu
Em São Caetano, existe também uma preocupação com o local onde serão abrigados os materiais dos atletas que treinam no Ibirapuera. Segundo o treinador de arremessos da equipe do ABC, João Paulo Alves da Cunha, ainda não existe um lugar para guardar os equipamentos.
 
A saltadora Fabiana Murer, que já teve um problema nas Olimpíadas de Pequim, quando uma de suas varas sumiu e acabou eliminada, se preocupa com o tema, mas acredita que tudo será resolvido.
 
“Meu técnico esteve no local e pediu um lugar maior para cobrir o meu colchão e outro para guardar as varas. Não sei como está isso. A BM&F é organizada vão ajeitar as coisas. Brasileiro sempre deixa para a última hora mesmo”, argumentou.
 
De acordo com a administração do Ibirapuera, a pista estará fechada já nesta segunda-feira. Apesar disso, alguns atletas ainda tinham esperança de poder usar o local até o dia 1º de maio, quando acontece o Troféu Estado de São Paulo. A competição vai até o dia 3 e, segundo o site oficial da Federação Paulista de Atletismo, acontecerá realmente no Ibirapuera.
 
Os cerca de 40 atletas da BM&F que treinam no Ibirapuera serão transferidos para o Centro Esportivo Recreativo Vila São José, em São Caetano do Sul. No local, já treinam aproximadamente 80 atletas, sendo integrantes da equipe, de outras cidades da região e atletas juvenis.
 
“A gente não sabe como vai ser, é muita gente. Para nós que usamos a pista é ruim porque temos que ficar desviando, ainda mais se treinarmos junto do pessoal de corrida com barreiras”, destacou o fundista Reginaldo Campos Júnior, 22 anos.
 
Maninho, como é conhecido, é um dos atletas que treinam em São Caetano. Além da falta de espaço, os atletas do Grande ABC temem pela falta de afinidade e revelam que existe um certo esnobismo por parte dos novos “visitantes”. “É ruim porque já temos um bom entrosamento aqui e não sabemos como vai ser com eles. Até porque, alguns não falam com a gente, são meio esnobes, principalmente os velocistas”, ressaltou Eduardo Soares Martins, 24 anos, atleta dos 400 m com barreiras.
 
Se em São Caetano a falta de espaço é vista como um problema, em Bragança Paulista (SP) não é diferente, ainda mais porque os “visitantes” chegarão em um número ainda maior. Atualmente, 60 atletas, de diversas modalidades e categorias, usam o local. Após o início da reforma, serão aproximadamente 140 esportistas dividindo a mesma pista.
 
Para o velocista e relações-públicas da Rede, André Domingos, treinar com uma quantidade desta de atletas é totalmente possível, mas requer organização. “Teremos uma reunião para ver como isso vai ser feito. Mas cada equipe usa uma parte da pista. Os saltadores usam a parte de saltos, os arremessadores usam o seu espaço e assim por diante”, argumentou.
 
No entanto, para Bruno Lins, velocista companheiro de Domingos, a mudança pode sim causar algum incômodo. “Pode ficar um pouco estressante porque estamos acostumados a ter um número menor de atletas e nunca tivemos tantos atletas treinando juntos. Não estamos acostumados, mas é uma questão de tempo”, afirmou.

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