MEC – federais formam mais que particulares

MEC: federais formam mais que particulares e evasão é maior em universidades privadas 
Autor(es): Demétrio Weber 
O Globo – 03/02/2009
 
Apenas 55,4% do total de estudantes de instituições pagas concluem cursos; nas federais, a taxa é de 72,6%
 
Segundo o Censo da Educação Superior 2007, as universidades privadas têm, proporcionalmente, menos estudantes concluindo os cursos: apenas 55,4% dos que ingressaram. A taxa de conclusão é mais alta nas federais: 72,6%.
 

As instituições privadas de ensino superior, onde estudam três em cada quatro universitários brasileiros, têm, proporcionalmente, menos estudantes concluindo seus cursos: apenas 55,4% do total. É o que mostra o Censo da Educação Superior 2007, divulgado ontem pelo Ministério da Educação (MEC). A taxa de conclusão mais alta é das universidades federais, com 72,6%.
 
O cálculo leva em conta o número de estudantes que ingressaram quatro anos antes e o total de concluintes, isto é, os alunos que chegaram ao fim do curso em 2007. A média nacional ficou em 58,1%, sendo mais alta nas universidades públicas (63,8% nas estaduais e 62,4% nas municipais) do que nas privadas.
 
O indicador dá uma ideia do tamanho da evasão dos alunos, embora não seja um cálculo preciso. A partir deste ano, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do MEC, pretende adotar um novo modelo de coleta de dados que listará o nome dos universitários e sua trajetória acadêmica, a exemplo do que já ocorre no ensino básico.
 
O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, disse que a evasão universitária está ligada, de um lado, à troca de cursos no início da faculdade e, de outro, a dificuldades para pagar as mensalidades.
 
O censo revela que o país tinha 4.880.381 universitários em 2007, o que representa um crescimento de 4,4% em relação ao ano anterior. Desse total, o setor privado respondia por 3.639.413 matrículas (74,57% do total), ante 615.542 nas federais (12,61%), 482.814 nas estaduais (9,9%) e 142.612 nas municipais (2,92%).
 
Expansão de matrículas nas federais está crescendo
 
As instituições federais, mantidas pelo MEC, apresentaram uma taxa de expansão de matrículas de 4,4%, igual à média nacional e quase a mesma do setor privado, que cresceu 5%. A diferença, no entanto, é que as matrículas nas federais estão em ascensão, enquanto o ritmo de expansão nas privadas vem caindo.
 
O crescimento de 4,4% nas federais é o maior desde 2003, quando essas instituições registraram aumento de 6,7%. Naquele ano, o setor privado deu um salto de 13,3%. Em 2006, porém, as matrículas nas instituições particulares cresceram 6,3% e 1,8% nas federais.
 
Fernandes lembrou que o censo divulgado ontem contém informações de 2007 que ainda não captam os resultados do Reuni, o programa de expansão das universidades federais.
 
A participação do setor privado nas matrículas do ensino superior, no entanto, segue aumentando: de 70,76% em 2003, para 74,15% em 2006 e 74,57% em 2007.
 
O censo mostrou que os cursos tecnológicos continuam crescendo: de 278.727 matrículas, em 2006, para 347.856, em 2007 (mais 24,8%). O mesmo ocorre no ensino de graduação a distância, que passou a responder por 7% do total de universitários do país, subindo de 207.206, em 2006, para 369.766, em 2007.
 

Menos opinião e mais ciência.

“Menos opinião e mais ciência”  – Veja – 17/02/2009 
  
 
IMPROVISO NA ESCOLA
Segundo Schiefelbein (à esq.), não há em países da América Latina o costume de planejar as aulas: “Sobra preguiça”
 

São raras as pesquisas que medem a eficácia de políticas públicas na educação. Na América Latina, elas são quase inexistentes. O chileno Ernesto Schiefelbein, 74 anos, é uma das poucas autoridades nessa questão. Há mais de duas décadas ele se dedica a aferir os efeitos de medidas adotadas em escolas de países da América Latina. Só no Brasil, esteve 25 vezes. Doutor em educação pela Universidade Harvard e ministro da Educação do Chile em 1994, ele diz: “Para melhorar, o Brasil e os outros países precisarão se aproximar mais da ciência – e se afastar dos achismos”. A seguir, os melhores trechos da entrevista que concedeu à editora Monica Weinberg.
 
OBRA INTUIÇÃO, FALTA CIÊNCIA
 
Ao entrevistar educadores e políticos em países da América Latina ao longo de décadas, sempre me chamou atenção o fato de tomarem decisões sem nenhum respaldo científico. Pergunto: quais são as evidências de que sua ideia vai funcionar? E o que escuto: achismos e vaguidões. O resultado disso é perverso. Em países sem tanto dinheiro para a educação, termina-se gastando muito com medidas de pouco ou nenhum impacto na sala de aula. Meus estudos não deixam dúvida sobre quais são essas políticas que levam ao desperdício. Elas passam, em geral, ao largo do ensino propriamente dito. Uma é investir no embelezamento do prédio da escola, algo que os políticos adoram. Outra prática de efeito próximo a zero é encher as salas com computadores. Muitos professores não sabem sequer ligar as máquinas – menos ainda fazer uso inteligente delas. Apesar de certo avanço, a educação em países da América Latina continua nas mãos de quem pouco entende do assunto.
 
É PRECISO INVERTER A LÓGICA NAS ESCOLAS
 
Os dados comprovam o que eu já sabia por observação: as medidas mais eficazes são, quase sempre, as menos dispendiosas. Escolas públicas de países como Brasil, Chile e Argentina subiriam muito de nível apenas invertendo uma lógica antiga. Hoje, cerca de 70% dos professores que dão aulas nas primeiras séries do ensino fundamental estão entre os menos habilidosos e preparados para a função. No entanto, as pesquisas mostram que é justamente no princípio que se estabelecem as bases para o aprendizado ao longo de toda a escola. Com professores menos experientes ensinando crianças tão jovens, os riscos de que se tornem maus alunos na faculdade crescem exponencialmente. Nos níveis mais elevados de ensino, por sua vez, o impacto de um profissional desses é menor, uma vez que os alunos já desenvolveram suas principais capacidades cognitivas e são mais autossuficientes. O que digo está quantificado – mas, ainda assim, tais números parecem ter efeito nulo.
 
MÉTODO DE ENSINO: DECOREBA
 
A memorização é o método aplicado, em média, por 80% dos professores nas escolas públicas e particulares de países da América Latina, segundo as pesquisas. O princípio, tão antigo quanto a própria educação nesses países, é que os alunos repitam o que o professor diz. Isso por si só já seria temerário num mundo em que se demanda das pessoas alta capacidade de análise e síntese. Piora a situação saber que muitos dos professores desconhecem parte da matéria que ensinam aos alunos. Sabe-se que um estudante pode aprender pela própria experiência, pela razão ou pela fé. Infelizmente, é a fé que predomina na maioria das escolas brasileiras, chilenas, colombianas…
Isso significa que os alunos absorvem as informações por acreditar nelas – e não porque foram convencidos pela razão. Que chances eles terão de competir com um francês, a quem desde cedo é estimulada a leitura dos clássicos, ou com um alemão, a quem é dada a oportunidade de aprender em laboratórios e museus? Muito poucas.
 
O OBJETIVO É SER CRIATIVO
 
Pergunte a professores da Argentina ou do Peru o que eles mais prezam numa sala de aula, e ouvirá da maioria: “A criatividade”. Isso poderia até indicar algo positivo. A criatividade, afinal, está na base da investigação científica. Mas não é esse o caso. Em países da América Latina, como o Brasil, ser criativo é o mesmo que improvisar diante dos alunos. Um processo que nada tem a ver com ciência, mas, sim, com um grande despreparo e alguma preguiça.
 
CURRÍCULOS PELA METADE
 
Em visitas a escolas rurais e de periferia, inclusive no Brasil, vi um cenário desolador. Num ano letivo de 170 dias, elas ficavam cerca de 100 fechadas. As razões eram as mais variadas: a organização de festas durante o turno escolar, professores faltosos, greves. Nessas escolas, não se chega ao fim do ano letivo tendo cumprido sequer a metade do currículo – isso quando existe um. Os problemas começam, portanto, bem antes da sala de aula. Em muitos casos, o mais difícil é ter uma aula.
 
O EFEITO DO SALÁRIO
 
Os sindicatos de professores nos países da América Latina estão, acima de tudo, preocupados em conquistar melhores salários. Eles passam ao largo dos verdadeiros problemas da educação – e dos números. Ignoram, por exemplo, algo que já foi suficientemente demonstrado. Que conceder aumento de salário a todos, sem considerar o que cada um produz, não funciona no longo prazo. A experiência mostra que os maus profissionais continuam a dar as mesmas aulas ruins de sempre. E que os bons, embora não se queixem do aumento, se sentem desestimulados ao saber que ganham tanto quanto um colega menos talentoso e esforçado. Portanto, aumentar salário sem considerar o mérito acaba sendo um mau investimento – mas é essa a praxe nessas escolas.
 
SIM, HÁ AVANÇOS
 
Na última década, houve dois grandes avanços na educação do Brasil e de outros países da América Latina, como o Chile. O primeiro diz respeito ao ingresso maciço das crianças na escola, o que é um começo. O outro se deve à disseminação da cultura de avaliar o ensino por meio de indicadores objetivos, e não mais da intuição. O problema agora é aplicar tantas planilhas à vida real. Atualmente, os números apontam para uma direção e os governantes seguem na outra. Isso ocorre por falta de interesse político ou mesmo por pura desinformação. Em minha experiência como ministro da Educação no Chile, pude constatar que o país carecia do básico: um bom quadro de técnicos para pôr os planos em prática. A educação chilena, é verdade, vem melhorando. Mas, tal qual a brasileira, está ainda, em certos aspectos, a um século de distância da americana e da europeia. Basta dizer que 50% dos estudantes concluem a escola sem entender o significado de uma frase simples. Eles apenas leem mecanicamente. Mais um sinal de que não dá para perder tempo com políticas caras – e sem efeito.
 
 
“No Brasil, os professores abusam da decoreba e os alunos absorvem as informações por fé – e não porque foram convencidos pela razão”
 

Jadel conquista primeira medalha do ano e Isinbayeva bate recorde mundial

Jadel Gregório começou com uma medalha de ouro a temporada 2009. Neste
domingo, no Meeting de atletismo de Karlsruhe, na Alemanha, o
brasileiro venceu a disputa do salto triplo em sua primeira competição
no ano.

Jadel conseguiu a melhor marca com 17m11, superando os cubanos Arnie
David Girat, com 17m07, e Alexis Copello, com 17m03. Para ficar com o
título, não precisou sequer ficar perto dos 17m90, seu recorde na
modalidade.

Já a russa Yelena Isinbayeva, no Meeting da Ucrânia, quebrou o recorde
mundial indoor do salto com vara duas vezes. Primeiro ao saltar 4m97
e, logo na sequência, com 5 m.

Isinbayeva não conseguia superar um recorde desde 18 de agosto de
2008, quando conseguiu 5m05 e levou o ouro nos Jogos Olímpicos de
Pequim.

A russa, de 26 anos, chega ao 26º recorde mundial e fica a nove da
marca histórica do ucraniano Serguei Bubka. Ela conseguiu a melhor
marca indoor em Donetsk pelo sexto ano consecutivo – o anterior era de
4m95.

A segunda colocada em Donetsk foi a brasileira Fabiana Murer, que com
4m81 também quebrou uma marca: a sul-americana.