Powell sente lesão e Gatlin vence os 100 metros em Londres

Powell sente lesão e Gatlin vence os 100 metros em Londres

Por Alison Wildey

LONDRES (Reuters) – As esperanças do recordista mundial Asafa Powell
no Mundial levaram um golpe na sexta-feira, quando ele sentiu uma
lesão depois de apenas cinco passos nos 100 metros do Grand Prix de
Londres.

A prova chegou a ser considerada um grande desafio entre o jamaicano e
o campeão olímpico Justin Gatlin, mas assim que Powell saiu do bloco
ele caiu no chão depois de aparentemente agravar uma lesão na virilha
esquerda.

Gatlin, correndo na pista ao lado de Powell, venceu a prova com 9s89,
seguido do norte-americano Leonard Scott com 9s94 e de Kim Collins, de
São Cristóvão e Nevis, com 10s00.

O Mundial em Helsinque começa no dia 6 de agosto, e Powell pode ter
problemas para competir.

“Asafa vai fazer um exame hoje, e com base nisso vai receber
tratamento amanhã”, disse o empresário do velocista, Paul Doyle.

“O cenário não é bom faltando apenas duas semanas para o Mundial. A
lesão parece ser um leve estiramento na virilha de Asafa. Talvez uma
lesão levemente diferente daquele problema da virilha que o
atrapalhava nesta semana”.

Isinbayeva extrapola e se torna a 1ª mulher a saltar 5,00 m

Já virou regra. Em toda competição que ela disputa, é recorde mundial.
Mas, nesta sexta-feira, a russa Yelena Isinbayeva extrapolou. Ela
bateu o recorde mundial do salto com vara duas vezes, sendo que, na
segunda oportunidade, se tornou a primeira mulher a saltar 5,00 m.

O feito aconteceu no Super Grand Prix de Londres, na Inglaterra. O
recorde mundial, claro, era ela, conquistado no último sábado, em
Madrid, na Espanha, com 4,95 m.

Nesta sexta, já na sua segunda tentativa, ela melhorou a marca para
4,96 m. Já com o ouro garantido, e apenas 10 minutos depois de cravar
um novo recorde, Isinbayeva arriscou o que nenhuma mulher havia
tentado até hoje: saltar 5,00 m. A russa conseguiu o feito inédito e
registrou o recorde mundial da prova pela 17ª em sua carreira.

“Era o meu sonho ser a primeira mulher a saltar 5,00 m. Eu não posso
explicar o que estou sentindo. Eu adoro todo o clima daqui. A
temperatura estava boa e a torcida foi sensacional”, festejou
Isinbayeva.

Para a russa, sua série de recordes, que começou em julho de 2003, não
tem limites. “Eu não sei o quanto alto eu posso saltar. Acho que posso
conseguir 5,05 m, ou até mais.”

Campeã olímpica e líder no ranking geral feminino da Iaaf (Federação
Internacional das Associações de Atletismo), a atleta da Rússia, de 23
anos, é um dos maiores fenômenos no atletismo mundial nos últimos
anos.

Eu acho que ela é única. Ela quebra recordes da mesma maneira que eu
fazia na minha época.
Sergey Bubka

Caso mantenha a impressionante seqüência de recordes quebrados, pode
chegar à marca do lendário ucraniano Sergey Bubka, medalha de ouro nos
Jogos Olímpicos de Seul-1988 e seis vezes campeão mundial, que
registrou 35 recordes mundiais em toda a sua carreira.

Bubka acompanhou o salto de Isinbayeva e ficou maravilhado. “Eu acho
que ela é única. Ela quebra recordes da mesma maneira que eu fazia na
minha época. Saltar 5,00 m é algo especial, e penso que ela pode ir
ainda mais alto. Eu quero que ela quebre a minha marca de 35
recordes”, disse o ucraniano, que ainda é o recordista mundial
masculino, com 6,14 m, conquistados em julho de 1994, em Sestriere, na
Itália.

Além da marca histórica, Isinbayeva vai receber US$ 50 mil pelo
recorde, além de um bônus substancial por ter chegado aos 5,00 m. A
atleta já chegou a afirmar que, além da satisfação pessoal, tenta
sempre melhorar suas marcas por causa do dinheiro, já que admitiu que
“não é rica”.

Só para se ter uma idéia do domínio que Isinbayeva tem da prova, a
segunda colocada em Londres foi a polonesa Anna Rogowska, tida pela
própria russa como uma de suas grandes rivais. No entanto, Rogowska
ficou com a prata ao saltar 4,80 m, 20 centímetros de diferença para a
recordista mundial.

A discrepância é ainda maior para as terceiras colocadas, a canadense
Dana Ellis e a britânica Janine Whitlock, que conseguiram 4,47 m, mais
de meio metro de distância da russa voadora.

A marca de Rogowska parece até pequena tamanha a distância para o novo
recorde de Isinbayeva. No entanto, o salto da polonesa em Londres foi
o seu melhor do ano (havia registrado 4,76 em maio) e a quinta melhor
marca da temporada.

Dos sete melhores saltos em 2005, cinco pertencem a Isinbayeva,
enquanto os restantes são de Rogowska. Os quatro primeiros (os dois
nesta sexta, o de Madri na última semana e o de Lausanne no início do
mês) foram todos recordes mundiais.

Gatlin vence 100 m rasos na Inglaterra; Powell volta a se contundir

O norte-americano Justin Gatlin venceu, nesta sexta-feira, a prova dos 100 m rasos no Meeting de Crystal Palace. Seria a primeira oportunidade de ele desafiar o recordista mundial, Asafa Powell, desde que a marca foi quebrada, mas o jamaicano abandonou a corrida.

Powell, que bateu o recorde mundial há um mês, em Atenas, com o tempo de 9s77, sentiu uma contusão muscular logo depois da largada. Com isso, Gatlin teve caminho livre para ficar com a medalha de ouro, com 9s89.

Enquanto Gatlin, o atual campeão olímpico, teve tranqüilidade para vencer a prova, Powell só correu por cerca de 20 metros e deixou a pista com dores na perna direita.

Aparentemente, Powell agravou a contusão na virilha que o deixou de fora das competições desde que ele bateu o recorde mundial, em 4 de junho. ainda não se sabe a gravidade da lesão, mas a participação do jamaicano no Campeonato Mundial, em agosto, virou dúvida.

"Seria decepcionante para ele não disputar o Mundial, mas, ao mesmo tempo, o show tem de continuar", disse Gatlin, ao saber da contusão que pode afastar Powell da principal competição da temporada.

Antes da final da prova, Powell havia cravado 10s02 em sua série, enquanto Gatlin marcou 10s01 em sua semifinal. A medalha de prata na prova ficou com o norte-americano Leonard Scott, com 9s94, seguido pelo campeão mundial, Kim Collins, que cravou 10s00.

Gatlin e Powell tiveram chance de se encontrar durante a etapa de Roma da Liga de Ouro, mas o jamaicano nem competiu por causa da lesão na virilha. Neste ano, eles só se enfrentaram em 4 de junho, em Oregon, com vitória do americano, no "photofinish", com o tempo de 9s84. Dez dias depois, o jamaicano quebrou o recorde mundial.